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18º Congresso Brasileiro de Sociologia
Resumo: 235-1

Oral Curta (5 mim) - Somente GT


235-1

Repressão e cuidado: pensando a gestão estatal dos pobres para além dos planos e gestores

Autores:
Luana Motta1,2
1 UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos, 2 CEM - Centro de Estudo da Metrópole

Resumo:
O pressuposto que orienta este texto é de que a repressão e o cuidado tem sido as principais formas de gestão estatal dos pobres e da pobreza. Tal configuração estaria fortemente apoiada na representação hegemônica e recorrente sobre os pobres como sujeitos “em risco” e “de risco”. A entrada empírica para problematizar essa questão é o cotidiano de um prédio público (o “prédio do CRJ) na Cidade de Deus, onde funcionam vários programas do governo estadual, dentre os quais do Centro de Referência da Juventude (CRJ), cujo objetivo é oferecer atividades e cursos a jovens entre 14 e 25 anos de áreas vulneráveis. O CRJ da Cidade de Deus se mostra como um caso bom para pensar por ter uma configuração bastante específica: a maior parte dos cursos oferecidos é ministrada por policiais militares cedidos da UPP local. Assim, mobilizo parte do material etnográfico referente ao meu acompanhamento das aulas, à convivência e às entrevistas com esses policiais para argumentar como a repressão e o cuidado na gestão da populações pobres estão relacionados no cotidiano do fazer da gestão estatal. O esforço é elucidar como no nível da rua há muitas e outras coisas em jogo, para além do que foi planejado e do que é esperado pelos planos das políticas. A combinação, a tensão e a convergência entre repressão e cuidado ganham contornos, cores, afetos, repulsas que não são (e não poderiam ser) planejados nos planos das políticas, mas, por serem tão presentes também constituem a gestão estatal.