Oral Completa
492-1 | Em torno de uma sociologia histórica e comparada da criminologia | Autores: | Thiago Vasconcelos1 1 UNILAB - Universidade da Integração da Lusofonia Afrobrasileira |
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre a atual configuração dos saberes com pretensão científica sobre a “questão criminal” no Brasil. Nossa perspectiva será a de uma sociologia histórica entendida como “história do presente”/genealogia (Foucault), preocupada com os processos de tradução, adaptação e (re)invenção de referenciais da Criminologia e com o cruzamento entre diferentes contextos nacionais. Consideramos a década de 1970 como marco de uma metamorfose nas concepções sobre a “questão criminal” no plano internacional (Pires; Sozzo), quando emergem correntes críticas à Criminologia positivista e etiológica da virada do século XIX ao XX. Buscaremos demonstrar como que a partir de então se constituíram, no Brasil, duas redes de intelectuais que disputam a hegemonia na discussão, elaborando diferentes narrativas de fundação: a “criminologia crítica”, ligada à juristas-penalistas, e a “criminologia sociológica”, relacionada a grupos de pesquisa em ciências sociais. As divisões entre estas duas “comunidades epistêmicas” (Haas) colocam três núcleos de questões: o papel do intelectual como “legislador” (Bauman) ou como especialista-gestor; o desencontro entre as grandes narrativas críticas e o “momento empírico” (Novoa; Sozzo); e a necessidade de reflexões mais sistemáticas sobre as representações da criminologia como ciência autônoma, campo de estudos e ”atividade complexa” (Pires) ou “maquinaria intelectual para o governo” (Rose & Miller apud Sozzo). |