Poster (Painel)
515-1 | Velhos conflitos e novas estruturas de governança territorial no Extremo Sul da Bahia – ressignificação de agentes sociais e papeis socioeconômicos no Brasil não-metropolitano | Autores: | Magalhães, C.1 1 UFABC - Universidade Federal do ABC |
Resumo: Até a metade da primeira década do século XXI o Incra havia criado 29 assentamentos nos Territórios de Identidade Costa do Descobrimento e Extremo Sul da Bahia. Mas a partir de então decai o número de assentamentos e em 2010 havia duas mil famílias acampadas à beira das rodovias, sem alternativas por parte do Estado (Araújo, 2010). Áreas das três empresas de celulose, grandes proprietárias de terras para o plantio de eucalipto, eram o principal alvo, pois, no processo histórico, a atividade que inseriu a região na agenda socioeconômica do país também se tornou símbolo da concentração da terra e da queda de diversidade da produção. O quadro de mais de 42 mil ha de terras das empresas ocupadas (Incra BA, 2015) colocava o negócio da celulose na região em risco. Nesse contexto surge uma arena de ação que envolve movimentos de luta pela terra, empresas de celulose, Estado e universidade, em torno da cessão de terras ao Programa Nacional de Reforma Agrária. As narrativas que recuperam o processo de negociação para a implantação de assentamentos sustentáveis deixam entrever um movimento de ressignificação mútua para o enfrentamento de antagonismos históricos. O complexo arranjo institucional advindo dessa iniciativa pode contribuir para uma ampliação dos papéis socioeconômicos sob a ótica territorial, enfatizando os movimentos sociais como portadores de tecnologias sustentáveis para a produção de alimentos e as empresas como contribuintes para um desenvolvimento com justiça social. |