Poster (Painel)
621-1 | Trânsitos entre movimentos sociais e Estado: ações coletivas de resistência às remoções de favelas no Rio de Janeiro
| Autores: | PETTI, D.1 1 CPDOC/FGV-RIO - FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS |
Resumo: Esse trabalho tem como objetivo analisar as relações entre movimentos sociais de "luta" pela moradia e Estado. Durante os processos de remoção de favelas, o Estado age de formas contrastantes, o que atesta seu caráter múltiplo. Se de um lado a prefeitura trava o conflito com os moradores dos locais ameaçados ao despender esforços para efetivar os despejos, a Defensoria Pública, de outro, constrói relações de apoio e confiança ao oferecer subsídios técnicos aos movimentos sociais locais que se utilizam desse conhecimento para resistir a esses processos.
As experiências vivenciadas nessas localidades contribuem para a atuação da Defensoria, na medida em que os defensores reinventam suas práticas ao entrarem em contato com as ações engendradas pela resistência. Da mesma forma, noto os moradores de favela operando categorias jurídicas da burocracia estatal nas arenas públicas. A ideia é compreender os trânsitos entre Estado e margens (Das & Poole 2004), entendendo que as práticas estatais nas margens se dão de modo ativo e diferenciado.
Realizei observação participante nas reuniões dos movimentos nos territórios em questão, bem como nas reuniões de um grupo chamado Conselho Popular, que constituem espaços de compartilhamento de saberes entre moradores e órgãos estatais. Esse trabalho se insere na área da Antropologia do Estado, que por meio da etnografia desconstrói pressupostos de uma certa teoria do Estado, que entende o corpo estatal como monolítico e racional. |