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18º Congresso Brasileiro de Sociologia
Resumo: 769-2

Oral Curta (5 mim) - Somente GT


769-2

Infraestruturas Porosas: Vivendo através do consumo no Programa Minha Casa Minha Vida

Autores:
Moisés Kopper1
1 CEM/CEBRAP/USP - Centro de Estudos da Metrópole/CEBRAP/USP

Resumo:
No Brasil e sua economia política da mobilidade, a casa tornou-se uma infraestrutura experimental através da qual cidadania e consumo se sobrepõem na performação de um estado democrático e promotor do consumo. Este paper baseia-se em pesquisa etnográfica conduzida entre 2012 e 2015 em um condomínio fechado na cidade de Porto Alegre/RS—parte do Programa Minha Casa Minha Vida, a maior política habitacional brasileira. Economistas, sociólogos e antropólogos chamaram a atenção para a “financeirização” dos pobres, suas “vidas interconectadas”, suas “economias de compartilhamento”, e seu “capital moral”, chegando mesmo a desenvolver novas metodologias como “diários financeiros” para entender suas realidades cotidianas. Aqui, dou continuidade a esta literatura ao mergulhar nos trabalhos e expectativas de pessoas concretas, na medida em que se deslocam de assentamentos informais para ambientes urbanos de classe média. Nessa economia da esperança, a plasticidade de vida coalesce com uma economia do crédito para deslanchar novos projetos subjetivos e coletivos—tornados visíveis por meio de suas práticas financeiras. Na medida em que destrincho a economia política da casa própria, e o consumo de bens e serviços entre seus beneficiários, problematizo a casa como um nexo instável em que mudanças macropolíticas se articulam com o replanejamento da vida, revelando assim os processos abertos em que políticas e economias são amarradas, performadas, e convertidas em espaço vivido.