Oral Completa
897-1 | Desrespeito, indignação ou injustiça: o que motivou os secundaristas paulistas a ocuparem suas escolas? | Autores: | MEDEIROS, J.1,2, JANUÁRIO, A.2 1 FE/UNICAMP - Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, 2 NDD/CEBRAP - Núcleo Direito e Democracia do Cebrap |
Resumo: O objetivo deste trabalho consiste em compreender as motivações das alunas e alunos para agir coletivamente e realizar ocupações de escolas no estado de São Paulo entre os meses de novembro e dezembro de 2015. O evento desencadeador deste movimento foi o projeto da “reorganização escolar”, que implicaria no fechamento de 94 escolas e realocação de mais de 300 mil estudantes e que foi concebido sem participação das comunidades escolares. Foram realizadas entrevistas grupais com estudantes secundaristas (enquanto ocupavam suas escolas) em 30 ocupações, localizadas em 5 cidades da Região Metropolitana de São Paulo: a capital (em todas as suas regiões), Diadema, Jandira, Osasco e Santo André. O artigo pretende fornecer uma primeira elaboração desse material empírico, apoiada em três quadros teóricos-conceituais centrados nas noções de: (1) experiência de desrespeito, interpretado como a negação do reconhecimento tal como aparece na obra de Axel Honneth; (2) sentimento de indignação frente a “humilhações”, que pode transformar “raiva” em “ação”, compreendida mediante uma “tipologia das emoções” presente na obra de Manuel Castells; e (3) consciência de injustiça na percepção da violação de códigos morais, formulada por Barrington Moore Jr. A interpretação do material empírico em vista destes três quadros teóricos pode ajudar a levantar algumas hipóteses acerca dos aspectos motivacionais deste movimento social. |