Oral Curta (5 mim) - Somente GT
946-1 | Isolar e punir : encarceramento, ação rebelde e conflitos entre corporações policiais na primeira fuga em massa de um presidio brasileiro (Ilha Anchieta, SP, 1952) | Autores: | FERREIRA, D.F1
1 FFLCH-USP - Universidade de São Paulo |
Resumo: Nesta exposição apresentaremos dois resultados, alcançados em pesquisa recém-concluída, a respeito da rebeliao e fuga em massa dos presos do Instituto Correcional da Ilha Anchieta, ocorrida em junho de 1952. Num primeiro momento, pretendemos demonstrar como o estudo do perfil dos presos da Ilha contribuiu para compreender o processo que levou à primeira grande rebelião e fuga em massa de um presídio brasileiro. Sob esse aspecto, o estudo da trajetória dos presos nas prisões de São Paulo revelou que a Ilha Anchieta desempenhou um papel significativo na conformação de um tipo de preso que, para a polícia e para o poder judiciário, esteve associado à figura do individuo « inadaptável » a qualquer regime penal. Esse perfil delinquente foi projetado na consolidação de uma prática de isolamento e punição que configurou o tipo de tratamento recebido pelos presos encaminhados à Ilha. Portanto, o processo que deflagrou a rebelião em 1952 foi constituído por uma determinada prática de encarceramento e gestão da delinquência e, de modo complementar, pela natureza das relações estabelecidas entre as forças policiais. Sob este último aspecto, num segundo momento da exposição, demonstraremos de que maneira os conflitos entre as corporações policiais tiveram papel decisivo na deflagração daquela insurgência, repercutindo de modo decisivo na expansão do encarceramento em São Paulo e na crise que resultaria na divisão das policias civil e militar.
(FAPESP) |