Oral Curta (5 mim) - Somente GT
1078-1 | A ‘duas faces’ da crise: escassez hídrica e despolitização do acesso à água na Região Metropolitana do Rio de Janeiro | Autores: | QUINTSLR, S1
1 UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Resumo: Este artigo aborda o conflito pela água na RMRJ a partir da emergência do discurso sobre a crise hídrica nos anos 2014-2015. Discute as estratégias de legitimação deste discurso por agentes públicos (governo e CEDAE), bem como seu papel na exclusão da questão da desigualdade no acesso à água dos espaços de tomada de decisão. Duas perspectivas teóricas são mobilizadas. A primeira compreende que a construção dos problemas ambientais e os conflitos por recursos envolvem uma dimensão material (acesso ao recurso) e uma simbólica –utilizada para legitimar ou contestar as formas de acesso (Acselrad, 2004; Woodgate e Redclift, 1998). A segunda perspectiva baseia-se na ‘face invisível do poder’ (Bachrach e Baratz, 2011), i.e., na capacidade de elites mobilizarem valores sociais e o viés do sistema político para manter ‘temas potencialmente perigosos’ fora da agenda política. A investigação concentra-se na CPI da Crise Hídrica da ALERJ e mobiliza análise documental (relatórios e notas taquigráficas) e observação direta de sessões, além de revisão não exaustiva do tratamento do tema pela mídia. Os resultados preliminares apontam que a consolidação de um discurso centrado na noção de crise favorece uma perspectiva do abastecimento como problema quantitativo – em detrimento dos aspectos distributivos do problema na RMRJ, que afetam desproporcionalmente os moradores da periferia –, e legitima a implantação de grandes obras de aumento de produção de água. |