Oral Curta (5 mim) - Somente GT
1127-1 | Ambiente em disputa: tecnociência como campo de batalha | Autores: | PRATES, C,1 1 UFPEL - Universidade Federal de Pelotas |
Resumo: Este estudo propõe uma reflexão sobre as transformações ambientais geradas pela construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte (UHEBM). O escopo da análise será a controvérsia sobre o hidrograma de consenso acordado para regular a vazão do rio Xingu. O hidrograma de consenso foi uma das condicionantes ambientais que possibilitou a viabilidade ambiental da obra. Por meio dele regulariza-se a vazão destinada a Volta Grande do Xingu, local de moradia de ribeirinhos e indígenas. Parte-se deste empírico para mapear como a controvérsia tecnocientífica funciona -inibindo/ articulando- as demandas da população local, quais sejam, o anseio por reassentamentos em locais considerados satisfatórios aos meios de vida de ribeirinhos e indígenas (longe de áreas de risco e nas proximidades do rio), manutenção da biodiversidade e dos provimentos essenciais à vida na Volta Grande. Evidencia-se que essas demandas, na denúncia de alguns tradutores (cientistas, processos judiciais, condicionantes ambientais), estão sendo tangenciadas pelo empreendedor da obra. O objetivo desta reflexão é trazer à tona uma discussão sobre as estratégias utilizadas pela tecnociência para encerrar um modelo artificial sobre o uso da água do rio Xingu, quando este, na verdade é co-produzido por redes heterogêneas e complexas. A reflexão é trabalhada no viés crítico da objetividade científica, proposta por Sandra Harding (2015), e pela diluição das fronteiras da sociedade e natureza, proposta por Latour (1994, 2008). |