Oral Curta (5 mim) - Somente GT
1194-1 | A escrita fragmentada de Sousândrade e a memória do trauma: reflexões acerca do processo de esquecimento na formação do cânone literário brasileiro | Autores: | Filipe Barreiros Barbosa Alves Pinto1 1 UFPE - Universidade Federal de Pernambuco |
Resumo: Sousândrade foi um escritor maranhense pouco conhecido. Na segunda metade do século XIX, o autor produziu uma obra rica, mas, por ser tida como incompreensível, foi excluída do cânone literário.
Segundo os irmãos Haroldo e Augusto de Campos, Sousândrade já apresentava recursos estilísticos que só seriam difundidos no Modernismo. Para eles, Sousândrade estava a frente do seu tempo e isso justificaria sua capacidade de inovação. Porém, essa explicação é simples, pois desconsidera as dimensões sociais da produção literária.
Será importante (após breve apresentação da obra sousandradina) questionar quais elementos históricos podem ajudar a compreender suas experimentações estéticas.
A hipótese considerada é a de que Sousândrade levou em conta a história traumática do Brasil. Ao analisar a poesia de Celan, Adorno afirma que a desumanização obriga a expressão literária a rever sua própria relação com a linguagem, pois a usual passa a ser incapaz de expressar a terrível experiência ocorrida. A ideia defendida por este trabalho é que algo semelhante ocorreu com a poesia de Sousândrade.
Questionarei também as relações entre a experimentação estilística e o processo de esquecimento de Sousândrade. Enquanto os escritores consagrados estavam preocupados em promover a narrativa de uma nação coesa, Sousândrade traz a fragmentação e o trauma para sua linguagem. Quais as relações entre a estética e a política? Entre memória, esquecimento e trauma na construção do cânone literário no Brasil?
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