Oral Curta (5 mim) - Somente GT
1241-1 | Da nação (ambiguamente) mestiça à nação multicultural e pluriétnica: ordens de discurso de raça e identidade nacional no Brasil | Autores: | PORTELA JUNIOR, A.2,1
1 UFPE - Universidade Federal de Pernambuco, 2 UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco |
Resumo: Discursos de identidade nacional no Brasil foram construídos vinculados à problemática das relações raciais. O presente trabalho elabora uma periodização analítica desses discursos, por meio do que denominamos “ordens de discurso” de raça e identidade nacional. Atentando para como o Estado articula-se com intelectuais na construção de narrativas sobre a nação, delineamos três ordens de discurso hegemônicas em contextos históricos particulares. A primeira consolida-se entre as décadas de 1870 e 1930, período em que a incorporação de teorias racistas pela elite política subsidiou o estabelecimento de critérios diferenciados de cidadania, com a mestiçagem considerada um obstáculo para a construção da nação. A segunda ordem, cuja hegemonia seguiu até fins dos anos 1970, consolida a “fábula das três raças” como mito fundador da nação. O discurso da “mestiçagem harmoniosa” construiu uma identidade nacional homogeneizante que negava as desigualdades raciais. A terceira ordem de discurso começa a tomar corpo no final da ditadura militar e segue até os anos 2010. Essa narrativa de nação insurge-se contra a anterior e se fundamenta na crítica da “democracia racial” e na valorização da raça enquanto elemento identitário e definidor de direitos. O Estado incorpora então o discurso da nação multicultural e pluriétnica. O delineamento dessas ordens de discurso auxilia na compreensão dos fundamentos teóricos de debates atuais sobre políticas de promoção da igualdade racial no Brasil. |