Oral Curta (5 mim) - Somente GT
1254-1 | Classes sociais, agentes e intersecções na governança paulista das águas | Autores: | Rodrigo Constante Martins1 1 UFSCAR - Universidade Federal de São Carlos |
Resumo: Este artigo apresenta um estudo sobre a atuação dos representantes da agricultura e da agroindústria no sistema descentralizado e participativo de governança da água no estado de São Paulo. Para tanto, o trabalho reconstrói o perfil desta representação setorial no Conselho Estadual de Recursos Hídricos (CRH) e nos dez Comitês circunscritos aos territórios rurais do estado no período de 1995 a 2015 – a saber, os primeiros vinte anos de implementação do sistema gestor. Esta reconstrução teve como base ampla pesquisa documental junto aos arquivos do CRH e dos Comitês de Bacia, além de entrevistas semiestruturas realizadas com os partícipes do sistema no período. Os resultados do estudo revelam significativos distanciamentos políticos e propositivos entre setores da agricultura e da agroindústria acerca da questão hídrica. Estes distanciamentos relacionam-se com a estrutura e capilaridade das entidades representativas dos setores, além de concepções concorrentes de gestão das águas. As conclusões do estudo sugerem que aparentes interesses classificáveis como comuns são mediados, na prática, por intersecções que escapam à gestão estanque do recurso ambiental. No caso dos territórios rurais, estas intersecções atravessam a história agrária, as conjunturas de dominação territorial e institucional, as motivações econômicas e mesmo a relação costumeira dos agentes e classes sociais com os recursos ecossistêmicos. |