Oral Curta (5 mim) - Somente GT
1374-1 | “BASTA TÁ DO LADO”: a construção social do “envolvido” com o tráfico e seus efeitos de controle entre os “jovens” nas favelas cariocas. | Autores: | Fatima Cecchetto1,2, Rodrigo Monteiro2, Jaqueline Muniz2
1 FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz, 2 UFF - Universidade Federal Fluminense |
Resumo: Exploram-se as formas pelas quais a categoria “envolvido”é mobilizada na distribuição seletiva de vigilância e punição sobre a juventude das favelas cariocas. Pretende-se compreender as táticas discursivas, manobras de sentido e modos de contorno, expressos nos acionamentos da categoria entre policiais e moradores, a partir de narrativas de jovens de duas favelas. Trata-se de refletir sobre os deslocamentos de significado operados pelos sujeitos de “fora” e de “dentro” das localidades e seus efeitos nas dinâmicas de produção de controle sobre o jovem pobre. Como um operador de vigilância, a noção de “envolvido” revela uma trama de rotulações que põe em operação deslizamentos entre os estados provisório (“estar envolvido”), momentâneo (“ficar” envolvido) ou permanente (“ser envolvido”). Uma trama de acusações que evidencia fronteiras porosas, inclusivas e excludentes, cujos movimentos transitam pelas noções de “bandido”, “suspeito” e “vulnerável”. Revela a negociação de uma hierarquia de contágio moral que informa graus de “comprometimento” dos favelados e níveis de merecimento de terapias punitivas ou de “resgate social”. Aponta, ainda, para uma ambição de tutela policial maximizada pela criminalização das interações sociais. “Basta tá do lado”, pois a “favela toda é vista como envolvida”. Partindo de etnografia, problematizam-se as representações acerca dos “envolvidos”, em diálogo com os conceitos de desvio de Becker, de estigma de Goffman e de sujeição criminal de Misse. |