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18º Congresso Brasileiro de Sociologia
Resumo: 1501-1

Oral Curta (5 mim) - Somente GT


1501-1

Política mutante: biossociabilidade e cidadania biológica

Autores:
PAULA, B.L.S.1
1 UNIMONTES - Universidade Estadual de Montes Claros

Resumo:
Propomos, inicialmente, analisar como se dão as dinâmicas tecnocientíficas, políticas e econômicas nos contextos em que se desenvolvem a eugenia e o aconselhamento genético (AG). Por um lado, ambos compartilham um regime de veridicção em que o que é verdadeiro e o que legitima a tomada de decisões é o que emana da ciência. Além disso, traços da biopolítica associada à eugenia – como a parceria entre estado e indivíduos na busca pelo bem estar da nação – também são importantes para o AG. Por outro lado, enquanto a eugenia era exercida por estados que disciplinavam as condutas individuais e regulavam as populações para ″melhorar a raça humana″, o AG relaciona-se a um período de redução dos encargos estatais, cabendo aos indivíduos a atenção à saúde e o gerenciamento dos riscos. Nesse sentido, há uma afinidade entre as racionalidades do AG, da governamentalidade neoliberal e da sociedade de controle. Não obstante, ao mesmo tempo em que desencadeia processos de autovigilância e de autocontrole, o neoliberalismo abre brechas para que seja exercida um novo tipo de cidadania, ″biológica″ ou ″genética″, experimentada por coletivos de biossociabilidade, ou seja, associações de portadores de determinadas doenças que cada vez mais engajam-se na busca por financiamentos e melhorias para os tratamentos de suas doenças. São essas expressões de cidadania que buscamos analisar mais detidamente, uma vez que podem evidenciar inúmeras potencialidades e rupturas nas trajetórias sociotécnicas.