Imprimir Resumo


18º Congresso Brasileiro de Sociologia
Resumo: 1625-1

Oral Completa


1625-1

A crônica e a modernidade: o gênero e seus artífices

Autores:
SANTANA, J. R. A.1
1 UFBA - UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Resumo:
Busco explorar neste artigo a relação entre forma e matéria no que tange a crônica brasileira produzida em fins do XIX e inicio do XX. Melhor dizendo, analisarei a relação entre a estética da crônica e a sua matéria por excelência, a cidade. A hipótese a ser explorada é a de que, na virada do século, assim como a vida social, também o gênero da crônica estava em mutação. Comparando Machado de Assis, Olavo Bilac e João do Rio, buscarei mostrar como esses três autores têm experiências distintas quanto à modernidade, vivências diferentes da cidade, e de que forma tais dessemelhanças irão operar também estéticas distintas de crônicas. Machado vai estabelecer uma crítica sutil às questões do seu tempo, recorrendo a uma forte ironia que amolece o tom severo, ao mesmo tempo em que se isenta de realizar uma crítica direta às pessoas e acontecimentos. O tom particular que Bilac trará para o gênero será o de, em sentido inverso, fazer da crônica um escrito com clara funcionalidade social. Bilac e sua geração de intelectuais fará da crônica um gênero combativo por excelência, pois havia uma missão civilizadora para a qual eles estavam empenhados. Já os escritos de João do Rio seriam altamente significativos da nova configuração de vida social que despontava na modernidade. Enquanto gênero, a crônica se torna cada vez mais mundana, e João do Rio será o autor responsável por rotinizar essa estética.