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18º Congresso Brasileiro de Sociologia
Resumo: 1629-1

Oral Curta (5 mim) - Somente GT


1629-1

Narrativas Patrimoniais e Turísticas em Cidades Históricas: (des)(re)construções do luso-tropicalismo no Brasil e em Portugal

Autores:
Mariana Selister Gomes1
1 UFS - Universidade Federal de Sergipe

Resumo:
A versão hegemônica da história do Brasil Colônia tem sido considerada acrítica, eurocêntrica e luso-tropical. Destes embates decorreram as Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 voltadas para a história e a cultura afro e indígena nas escolas. Além da educação formal, as cidades históricas também (re)produzem versões da história e constroem a memória coletiva de forma seletiva, através de suas narrativas turísticas e patrimoniais, inseridas em uma ordem discursiva de saber-poder. Esta pesquisa adentra nestas disputas simbólicas para compreender quais versões da História do Brasil Colônia estão sendo difundidas em cidades históricas. Foi empreendida uma pesquisa empírica, utilizando-se como metodologia a análise de práticas discursivas. Após análise de 10 cidades (Salvador, Recife, Olinda, São Cristóvão, Laranjeiras, Outro Preto, Lisboa, Belmonte, Porto, Sintra) e de 50 museus concluiu-se que apenas dois apresentam a história com olhar crítico sobre a escravidão e abordam as resistências (quilombos, religiões de origem africana, cotidiano): o Museu do Homem do Nordeste, no Recife; e o Museu Ilà Ohum Lailai, no Terreiro Ilè Axé Opo Afonjá, em Salvador. Mesmo os museus voltados à temática afro, como os Museus Afro-Brasileiros de Salvador e de Laranjeiras e o Museu da Abolição no Recife, nem sempre narram uma história crítica. A história indígena está praticamente ausente. As mulheres aparecem apenas como submissas (quando são mencionadas). Mantém-se uma ordem discursiva luso-tropical.