Oral Curta (5 mim) - Somente GT
1703-1 | Pode o trabalhador informal empreender? Informalidade e empreendedorismo no Brasil | Autores: | PERES, TB1 1 IESP - Instituto de Estudos Sociais e Políticos |
Resumo: É digno de nota o poder de persuasão que o tema do empreendedorismo suscita em diferentes grupos políticos, institutos de pesquisa, intelectuais, entidades públicas e privadas. Em certa medida, parecem orientados por uma ética da convicção que os conforma, sem pestanejar, às máximas e jargões das bussiness schools.
O presente artigo investiga as relações teórico-empíricas entre informalidade e empreendedorismo no Brasil e seus desdobramentos políticos correspondentes. Pretende-se demonstrar que atribuir aos trabalhadores informais o epíteto de empreendedores produz, no plano teórico, uma “torção conceitual”, a qual, i) fornece novas lentes para enxergar retrospectivamente nosso passado ao imputar um suposto “espírito” capitalista original aos trabalhadores pobres e marginalizados que buscavam obter meios de vida em uma sociedade desigual e mercantilizada; ii) justifica nosso presente, ao associar empreendedorismo e crescimento econômico e fazer da trajetória típica de inserção ocupacional no Brasil, marcada pela díade vulnerabilidade e precariedade, uma trajetória virtuosa; iii) limita nosso futuro, produzindo consenso em torno da necessidade de medidas liberalizantes ao persuadir o imaginário social de que os obstáculos ao empreendedorismo são a alta carga tributária, taxa de juros elevada, leis trabalhistas ultrapassadas, em suma, o jargão “excesso de Estado na economia”.
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